Do JC Online |
Os advogados do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, no
Sertão do Estado, vão pedir ao secretário de Defesa Social, Alessandro
Carvalho, para que interceda sobre o que eles consideram uma “conduta
inadequada” do delegado seccional de Petrolina, Marceone Ferreira. Ele é
responsável pela investigação do assassinato da garota Beatriz Mota,
ocorrido no dia 10 de dezembro, nas dependências da escola.</DC>
Na noite da última terça-feira, Marceone concedeu entrevista coletiva na
qual divulgou que cinco funcionários do colégio poderiam figurar entre
os suspeitos da morte da garota. “O inquérito deveria ser sigiloso. Ele
terminou colocando todos os funcionários da instituição sob suspeita”,
afirma Clailson Ribeiro, advogado do colégio.
Segundo Ribeiro, a informação caiu como uma bomba sobre a unidade de
ensino. “Que pai não se preocuparia e não pensaria que os filhos estão
na companhia de possíveis assassinos?”, pergunta. Na manhã de ontem, um
grupo de pais realizou um protesto em frente à escola. Levaram faixas
pedindo justiça por Beatriz e com a pergunta “será que nossas escolas
estão seguras?”.
O advogado ainda questiona a eficácia prática da divulgação dos
possíveis suspeitos. “Se é uma coisa tão concreta, por que ele não pediu
as prisões dessas pessoas?”. Ainda de acordo com Ribeiro, o Colégio
Nossa Senhora Auxiliadora não tem qualquer suspeito trabalhando na
instituição.
No entanto, informações de pais de alunos da escola, que preferiram
não se identificar, dão conta de que um segurança, um assistente de
disciplina, um assistente de piscina, um guarda patrimonial e um
funcionário de limpeza seriam os possíveis suspeitos e que ainda
estariam exercendo suas funções na unidade. “A direção tenta passar um
clima de tranquilidade, mas está todo mundo com muito medo”, comenta um
pai de aluno.
Uma das versões que circulam em Petrolina é de que a própria escola
seria o alvo do crime premeditado, numa tentativa dos assassinos de
manchar sua reputação.
O delegado Marceone Ferreira alega que a única pessoa que pode
definir o que é sigiloso dentro de uma investigação é o próprio policial
responsável. “É um direito dos advogados fazerem o ofício ao
secretário”, afirma. A assessoria de comunicação da Polícia Civil
confirmou que não há qualquer irregularidade na conduta do delegado.
“Ele apenas relatou que funcionários da escola caíram em contradição nos
depoimentos e que eles ainda têm muito o que explicar. Não houve
qualquer juízo de valor”, relata a assessoria.
Beatriz Angélia Mota foi assassinada com 42 facadas enquanto
participava da festa de formatura do segundo grau da irmã mais velha. A
garota estava com os pais, na arquibancada do colégio, quando pediu para
beber água. Trinta minutos depois, os pais sentiram sua falta e
começaram a procurar pela unidade. O local estava lotado, com cerca de
três mil pessoas. A polícia descobriu que ela não foi morta no depósito
em que foi encontrada, mas em outro lugar – ainda não sabido [TEXTO]– da
instituição.