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Os rodoviários mantiveram a decisão de dar início à greve da
categoria à 0h desta segunda-feira (28), ignorando a decisão judicial do
Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região, que determina 100% de
operação dos três mil coletivos em horários de pico, ou seja, das 6h às
9h e das 16h às 20h, com metade desse quantitativo nos demais horários.
O sindicato que representa a categoria afirma que talvez "nem 30% dos
coletivos saiam (das garagens) ao longo do dia por conta da insatisfação
dos trabalhadores”.
A história se repete um ano depois do caos que se alastrou por toda a
Região Metropolitana em virtude de uma paralisação similar. Com poucos
ônibus e com a previsão de chuvas fortes emitida pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac)
para o período da manhã, a população deve se preparar para um dia de
dor de cabeça. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) promete
reduzir o intervalo de saídas no metrô, além de colocar mais locomotivas
à disposição durante todo o dia e um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)
adicional na linha Cajueiro Seco/Cabo. Fora isso, entretanto, não haverá
muitas opções de deslocamento.
Conforme a advogada que representa o Sindicato dos Rodoviários, Maria
Rita Albuquerque, serão tomadas, ainda nesta segunda, as medidas
judiciais cabíveis contra a decisão que determina a totalidade dos
ônibus nos horários de pico. “Entrarei com um pedido de embargo desta
liminar que tenta cercear o que é de direito”, explicou, em referência
ao documento que prevê multa de R$ 100 mil diários, em caso de
descumprimento.
No despacho da última sexta-feira (25), o vice-presidente do TRT, o
desembargador Pedro Paulo Pereira Nóbrega, a pedido do Sindicato das
Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco
(Urbana-PE), determinou também a “proibição, pelos grevistas, de atos
que violem ou constranjam direitos e garantias dos trabalhadores que
queiram permanecer no exercício de suas atividades” e a aplicação de
penalidade, caso a ordem judicial não seja cumprida.
A Urbana-PE, por sua vez, informou que vai trabalhar para minimizar os
transtornos causados pela greve à população. A classe patronal salientou
também que continua a busca por “um acordo que ponha fim a este
movimento, restabelecendo a normalidade do serviço de transporte público
por ônibus”.
Motoristas, cobradores e fiscais de ônibus pleiteiam um reajuste
salarial de 30%, além da ampliação do ticket alimentação, que hoje é de
R$ 171, para R$ 350. Os trabalhadores rejeitaram a proposta de 5%
oferecida pela classe patronal. Atualmente, motoristas recebem R$ 1.605
mil e o cobradores R$ 738. A greve foi deflagrada na última quinta-feira
(24), em assembleia realizada no Marco Zero.